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Referência Debian
Capítulo 10 - Configuração de rede


Este capítulo está focado em administração de rede no Debian. Para uma introdução geral a redes no GNU/Linux, leia o Net-HOWTO.

Para um sistema Debian ser capaz de acessar a Internet, suas interfaces de rede precisam ser suportadas pelo kernel e estar configuradas apropriadamente.

O primeiro requisito é o suporte de kernel para os dispositivos de interface de rede como placas Ethernet, placas Wi-Fi e modems. Para obter esse suporte você pode precisar recompilar o kernel ou adicionar módulos a ele como descrito em O kernel Linux no Debian, Capítulo 7.

A configuração de dispositivos de rede é explicada abaixo. A informação nesse capítulo foi atualizada para o Sarge. Muito dela não se aplica para versões anteriores.


10.1 Básico de rede IP

Um sistema Debian pode ter várias interfaces, cada uma com um endereço de Protocolo de Internet (IP) diferente. As interfaces podem ser de diferentes tipos, incluindo:

Há uma grande faixa de outros dispositivos de rede disponíveis, incluindo SLIP, PLIP (IP em linha serial e paralela), dispositivos "shaper" para controlar o tráfego em certas interfaces, frame relay, AX.25, X.25, ARCnet, e LocalTalk.

Toda interface de rede conectada diretamente à Internet (ou a qualquer rede baseada em IP) é identificada por um endereço IP de 32 bit único. [43] O endereço IP pode ser dividido na parte que endereça a rede e na parte que endereça o sistema (host). Se você tiver um endereço IP, defina para 1 os bits que são parte do endereço de rede e defina para 0 os bits que são parte do endereço do sistema e então você obtém a máscara da rede.

Tradicionalmente, redes IP foram agrupadas em classes cujas partes do endereço de rede foram de comprimento 8, 16 ou 24 bits. [44]

               endereços IP                   máscara rede  comprimento
     Classe A  1.0.0.0     - 126.255.255.255  255.0.0.0     =  /8
     Classe B  128.0.0.0   - 191.255.255.255  255.255.0.0   = /16
     Classe C  192.0.0.0   - 223.255.255.255  255.255.255.0 = /24

Endereços IP fora dessas faixas são usados para propósitos especiais.

Há faixas de endereços em cada classe reservados para uso em redes locais (LANs). Esses endereços têm a garantia de não conflitar com nenhum endereço no domínio da Internet. (Pelo mesmo motivo, se um desses endereços é designado para um sistema então esse sistema não pode acessar a Internet diretamente, precisa acessá-la através de um gateway que atua como um proxy para serviços individuais ou que faça Translação de Endereço de Rede (Network Address Translation).) Essas faixas de endereços são dadas na tabela a seguir junto com o número de faixas em cada classe.

               endereços de rede            compr.  quantidade
     Classe A  10.x.x.x                     /8      1
     Classe B  172.16.x.x -  172.31.x.x     /16     16
     Classe C  192.168.0.x - 192.168.255.x  /24     256

O primeiro endereço em uma rede IP é o endereço da própria rede. O último endereço é o endereço de broadcast da rede. [45] Todos os outros endereços podem ser alocados a sistemas na rede. Desses, o primeiro ou o último endereço normalmente é alocado para o gateway de Internet para a rede.

A tabela de roteamento contém a informação do kernel sobre como enviar pacotes IP aos seus destinos. Aqui está uma amostra de tabela de roteamento para um sistema Debian em uma rede local (LAN) com endereço IP 192.168.50.x/24. O sistema 192.168.50.1 (também na LAN) é um roteador para a rede corporativa 172.20.x.x/16 e o sistema 192.168.50.254 (também na LAN) é um roteador para a Internet para todos.

     # route
     Kernel IP routing table
     Destination   Gateway        Genmask       Flags Metric Ref Use Iface
     127.0.0.0     *              255.0.0.0     U     0      0     2 lo
     192.168.50.0  *              255.255.255.0 U     0      0   137 eth0
     172.20.0.0    192.168.50.1   255.255.0.0   UG    1      0     7 eth0
     default       192.168.50.254 0.0.0.0       UG    1      0    36 eth0

Os endereços IP na tabela também podem aparecer como nomes que são obtidos procurando endereços em /etc/networks ou usando o resolvedor da Biblioteca C.

Além de rotear, o kernel pode fazer translação de endereço de rede, shaping, e filtro.

Veja o Net-HOWTO e outros HOWTOs de rede para informações mais aprofundadas.


10.2 Configuração de rede de baixo nível

As ferramentas de configuração de rede de baixo nível tradicionais nos sistemas GNU/Linux são os programas ifconfig e route que vêm no pacote net-tools. Essas ferramentas oficialmente foram superadas pelo ip que vem no pacote iproute. O programa ip funciona no Linux 2.2 e superiores e é mais capaz que as ferramentas antigas. Entretanto, as ferramentas antigas ainda funcionam e são mais familiares a muitos usuários.


10.2.1 Configuração de rede de baixo nível – ifconfig e route

Aqui está uma ilustração de como mudar o endereço IP da interface eth0 de 192.168.0.3 para 192.168.0.111 e tornar a eth0 como rota para a rede 10.0.0.0 via 192.168.0.1. Nós começamos executando ifconfig e route sem argumentos de interface para exibir o estado atual de todas as interfaces de rede e roteamento.

     # ifconfig
     eth0 Link encap:Ethernet  HWaddr 08:00:46:7A:02:B0
          inet addr:192.168.0.3  Bcast:192.168.0.255  Mask:255.255.255.0
          UP BROADCAST RUNNING MULTICAST  MTU:1500  Metric:1
          RX packets:23363 errors:0 dropped:0 overruns:0 frame:0
          TX packets:21798 errors:0 dropped:0 overruns:0 carrier:0
          collisions:0 txqueuelen:100
          RX bytes:13479541 (12.8 MiB)  TX bytes:20262643 (19.3 MiB)
          Interrupt:9
     
     lo   Link encap:Local Loopback
          inet addr:127.0.0.1  Mask:255.0.0.0
          UP LOOPBACK RUNNING  MTU:16436  Metric:1
          RX packets:230172 errors:0 dropped:0 overruns:0 frame:0
          TX packets:230172 errors:0 dropped:0 overruns:0 carrier:0
          collisions:0 txqueuelen:0
          RX bytes:22685256 (21.6 MiB)  TX bytes:22685256 (21.6 MiB)
     # route
     Kernel IP routing table
     Destination  Gateway      Genmask          Flags Metric Ref Use Iface
     192.168.0.0  *            255.255.0.0      U     0      0     0 eth0
     default      192.168.0.1  255.255.255.255  UG    0      0     0 eth0

Primeiro nós desativamos a interface.

     # ifconfig eth0 inet down
     # ifconfig
     lo   Link encap:Local Loopback
       ... (agora sem a entrada eth0)
     # route
       ... (agora sem entradas de roteamento na tabela)

Então nós a ativamos com o novo endereço IP e novo roteamento.

     # ifconfig eth0 inet up 192.168.0.111 \
                netmask 255.255.0.0 broadcast 192.168.255.255
     # route add -net 10.0.0.0 netmask 255.0.0.0 gw 192.168.0.1 dev eth0

O resultado:

     # ifconfig
     eth0 Link encap:Ethernet  HWaddr 08:00:46:7A:02:B0
          inet addr:192.168.0.111  Bcast:192.168.255.255  Mask:255.255.0.0
          UP BROADCAST RUNNING MULTICAST  MTU:1500  Metric:1
          ...
     
     lo   Link encap:Local Loopback
          inet addr:127.0.0.1  Mask:255.0.0.0
          ...
     # route
     Kernel IP routing table
     Destination  Gateway      Genmask      Flags Metric Ref Use Iface
     192.168.0.0  *            255.255.0.0  U     0      0     0 eth0
     10.0.0.0     192.168.0.1  255.0.0.0    UG    0      0     0 eth0

Para mais informações veja ifconfig(8) e route(8).


10.2.2 Configuração de rede de baixo nível – ip

Os equivalentes para o ip dos comandos ifconfig e route anteriores são:

O programa ip mostra sua sintaxe de comando quando executado com o argumento help. Por exemplo, ip link help mostra:

     Usage: ip link set DEVICE { up | down | arp { on | off } |
                          dynamic { on | off } |
                          multicast { on | off } | txqueuelen PACKETS |
                          name NEWNAME |
                          address LLADDR | broadcast LLADDR |
                          mtu MTU }
            ip link show [ DEVICE ]

Veja também a página de manual ip(8).


10.2.3 Configurando uma interface Wi-Fi

O programa iwconfig, que vem no pacote wireless-tools, é usado para interfaces Wi-Fi, juntamente com o ifconfig ou ip.

Veja a página de manual iwconfig(8).


10.2.4 Configurando uma interface PPP

Se você acessa a Internet através de um modem conectado a uma linha telefônica discada, então a conexão é negociada usando o Protocolo Ponto-a-Ponto (PPP). Tais conexões são acessadas como uma interface de rede ppp0, ppp1 e assim por diante.

Uma interface PPP é gerenciada pelo daemon PPP pppd quem vem no pacote ppp. Assim, para o usuário, configurar uma interface PPP significa configurar o pppd.


10.2.4.1 Configurando o pppd manualmente

Para um link de rede ser estabelecido, precisa-se abrir uma porta de comunicação (normalmente uma porta serial), enviar comandos a um dispositivo de comunicação (normalmente um modem), discar um número de telefone, autenticar a identidade em um daemon PPP remoto, criar uma interface PPP e então modificar tabelas de roteamento de forma que o tráfego possa ser enviado através do link. O pppd pode fazer tudo isso e conseqüentemente tem uma longa lista de opções de operação. Essas opções são descritas na página de manual pppd(8).

Em um sistema Debian, as opções globais são definidas no arquivo /etc/ppp/options. As opções específicas de usuário são definidas em ~/.ppprc. Opções que precisam depender da porta de comunicação usada são gravadas em /etc/ppp/options.nome_da_porta. Por exemplo, suponha que você tem dois modems—um modem Lucent LT interno ("on board") acessado através de /dev/LT-modem e um modem externo acessado através de /dev/ttyS0. Crie os dois seguintes arquivos de opções.

     # cat > /etc/ppp/options.LT-modem <<EOF
     115200
     init "/usr/sbin/chat -f /etc/chatscripts/setup-LT-modem"
     EOF
     # cat > /etc/ppp/options.ttyS0 <<EOF
     115200
     init "/usr/sbin/chat -f /etc/chatscripts/setup-ttyS0"
     EOF

Esses se referem aos seguites scripts chat. Primeiro, /etc/chatscripts/setup-LT-modem.

     ABORT ERROR
     '' ATZ
     OK 'ATW2X2 S7=70 S11=55'
     OK AT

Segundo, /etc/chatscripts/setup-ttyS0.

     ABORT ERROR
     '' ATZ
     OK 'ATL1M1Q0V1W2X4&C1&D2 S6=4 S7=70 S11=55 S95=63 S109=1 +FCLASS=0'
     OK AT

Os conteúdos desses arquivos devem depender de seu hardware, claro.

As opções também podem ser dadas ao pppd como argumentos.

No Debian, o pppd normalmente é iniciado usando o comando pon. Quando o pon é usado, seu primeiro argumento dá nome a um arquivo de opções em /etc/ppp/peers/ que também é lido pelo pppd. [46] Esse é o local onde se define as opções que são específicas a um parceiro (peer) particular—por exemplo, um Provedor de Serviço de Internet (ISP) particular.

Suponha por exemplo que você alterne entre Amsterdam e Den Haag. Em cada cidade você tem acesso a dois serviços de ISP—Planet e KPN. Primeiro crie um arquivo de opções básicas para cada ISP.

     # cat > /etc/ppp/peers/KPN <<EOF
     remotename KPN
     noauth
     user kpn
     noipdefault
     ipparam KPN
     EOF
     # cat > /etc/ppp/peers/Planet <<EOF
     remotename Planet
     auth
     user user3579@planet.nl
     noipdefault 
     mru 1000
     mtu 1000
     ipparam Planet
     EOF

Esses arquivos definem opções que diferem entre os dois ISPs. Opções comuns a ambos os ISPs podem ser colocadas em /etc/ppp/options ou em um dos arquivos de opções específicos de interface, conforme apropriado.

Agora crie arquivos de opções para cada ISP em cada cidade. Em nosso exemplo a única diferença entre conectar a um ISP em um local ou em outro é o chatscript que é necessário. (O chatscript é diferente porque o número de telefone de acesso local é diferente.)

     # cat > /etc/ppp/peers/KPN-Amsterdam <<EOF
     connect "/usr/sbin/chat -v -f /etc/chatscripts/KPN-Amsterdam"
     file /etc/ppp/peers/KPN
     EOF
     # cat > /etc/ppp/peers/KPN-DenHaag <<EOF
     connect "/usr/sbin/chat -v -f /etc/chatscripts/KPN-DenHaag"
     file /etc/ppp/peers/KPN
     EOF
     # cat > /etc/ppp/peers/Planet-Amsterdam <<EOF
     connect "/usr/sbin/chat -v -f /etc/chatscripts/Planet-Amsterdam"
     file /etc/ppp/peers/Planet
     EOF
     # cat > /etc/ppp/peers/Planet-DenHaag <<EOF
     connect "/usr/sbin/chat -v -f /etc/chatscripts/Planet-DenHaag"
     file /etc/ppp/peers/Planet
     EOF

Cada diretiva file inclui um dos arquivos de opções mostrados anteriormente. A diretiva connect especifica o comando que o pppd usa para fazer a conexão. Normalmente usa-se o programa chat para isso, adaptando o chatscript para o ISP. Aqui estão os chatscripts para Den Haag; os chatscripts para Amsterdam devem ser similares exceto pelo número de telefone, ou podem ser diferentes se o ISP oferecer serviço através de outra companhia lá.

     # cat > /etc/chatscripts/KPN-DenHaag <<EOF
     ABORT BUSY
     ABORT 'NO CARRIER'
     ABORT VOICE
     ABORT 'NO DIALTONE'
     ABORT 'NO DIAL TONE'
     ABORT 'NO ANSWER'
     ABORT ERROR
     OK-AT-OK ATDT 0676012321
     CONNECT \d\c
     EOF
     # cat > /etc/chatscripts/Planet-DenHaag <<EOF
     ABORT BUSY
     ABORT 'NO CARRIER'
     ABORT VOICE
     ABORT 'NO DIALTONE'
     ABORT 'NO DIAL TONE'
     ABORT 'NO ANSWER'
     ABORT ERROR
     OK-AT-OK ATDT 0676002505
     CONNECT \d\c
     EOF

Para poder conectar a esses ISPs você precisa de nomes de clientes e senhas que o pppd possa fornecer ao parceiro (peer) sob demanda. Essa informação é guardada em /etc/ppp/pap-secrets (se o protocolo PAP for usado) ou em /etc/ppp/chap-secrets (se o protocolo CHAP for usado). Apesar de CHAP ser mais seguro, PAP ainda é o mais largamente usado. Devido a esses arquivos conterem segredos, o grupo e o mundo não podem ter permissão de leitura ou escrita neles. Os formatos desses arquivos são explicados na página de manual pppd(8). Um "segredo" (terceiro campo) é procurado no arquivo encontrando o nome do cliente (primeiro campo) e/ou o nome do servidor (segundo campo). Ao conectar a um ISP geralmente não se sabe o nome do servidor, então ao invés fornece-se o nome do cliente; isso foi feito nas linhas user nos peers/KPN e peers/Planet acima.

     # nome cliente      nome serv.   segredo
     kpn                 *            kpn
     user3579@planet.nl  *            myfavoritepet

10.2.4.2 Configurando o pppd usando o pppconfig

Uma maneira rápida de configurar o pppd é usar o programa pppconfig que vem no pacote de mesmo nome. O pppconfig define arquivos como aqueles acima depois de perguntar ao usuário questões através de uma interface de menu.

Se você optar usar o resolvconf então certifique-se de selecionar "None" na tela "Configure Nameservers".


10.2.4.3 Configurando uma interface PPP usando wvdial

Uma abordagem diferente de usar o pppd é executá-lo a partir do wvdial que vem no pacote wvdial. Ao invés de o pppd executar o chat para discar e negociar a conexão, o wvdial faz a discagem e negociação inicial e então inicia o pppd para que faça o resto. Dados somente um número de telefone, nome de usuário e senha, o wvdial em muitos casos tem sucesso em fazer a conexão.


10.3 Nomeando o computador


10.3.1 Nome do sistema (Hostname)

Um sistema Debian algumas vezes precisa identificar a si mesmo pelo nome. Para esse propósito é mantido um nome de sistema (hostname) pelo kernel.

O script de inicialização /etc/init.d/hostname.sh ajusta o nome do sistema durante a inicialização (usando o comando hostname) para o nome gravado em /etc/hostname. Esse arquivo contém somente o nome do sistema, não um nome de domínio completo.

Para mostrar o nome do sistema atual execute hostname sem argumentos.


10.3.2 Nome de correio (Mailname)

O nome de correio (mailname) de um sistema é o nome que os programas relacionados a correio usam para identificar o sistema. O arquivo /etc/mailname contém esse nome seguido por uma nova linha. O nome de correio geralmente é um dos nomes de domínio totalmente qualificados do sistema. Veja a página de manual mailname(5).

O que o destinatário de e-mail vê no cabeçalho From: (De:) de uma mensagem enviada por seu sistema Debian depende de como Agentes de Correio de Usuário (MUA) e Agentes de Transferência de Correio (MTA) são configurados. Suponha que um usuário local foo envie uma mensagem a partir de um sistema com nome de correio meusistema.dom. O cabeçalho From: do e-mail de saída será:

Mesmo quando o MUA tiver um cabeçalho From: definido o MTA pode adicionar um cabeçalho "Sender:foo@herman.dom" para indicar sua verdadeira origem.

É claro que quando algum MTA envolvido realiza reescrita de endereço como discutido em Definindo um pega-tudo (catchall) para endereços de email inexistentes sob o Exim, Seção 9.6.1.3 e Configurando reescrita seletiva de endereço para mensagens de saída sob o Exim, Seção 9.6.1.4, o endereço de e-mail visto pelo destinatário pode ser mudado para qualquer coisa.


10.4 Domain Name Service (DNS) (Serviço de Nome de Domínio)

Os sistemas são referenciados por um nome de domínio assim como por endereço IP. DNS é um sistema cliente-servidor em que resolvedores de nome consultam servidores de nome (nameservers) para associar nomes de domínios com endereços IP e outras propriedades de sistemas. O resolver(3) da Biblioteca C GNU também pode procurar endereços IP em arquivos ou consultar Network Information Services (NIS) (Serviços de Informação de Rede).

Para ver qual nome de domínio é associado com o sistema local, use o comando hostname --fqdn. Isso mostra o primeiro nome de domínio completamente qualificado que o resolvedor encontra para o nome do sistema local. [47]


10.4.1 O resolvedor (resolver)

O trabalho de encontrar quais endereços IP são associados com um nome de domínio particular é trabalho de um resolvedor. O resolvedor mais comumente usado é o conjunto de funções que leva esse nome (resolver(3)) na Biblioteca C GNU. Outro é o resolvedor FireDNS que vem no pacote libfiredns.

A forma como o resolvedor da LIBC resolve nomes é governada pela linha hosts no arquivo de configuração /etc/nsswitch.conf. Essa linha lista os serviços que devem ser usados para resolver um nome: por exemplo, dns, files, nis, nisplus. [48] Veja a página de manual nsswitch.conf(5). Se for usado o serviço files, o comportamento do resolvedor também é governado pelo arquivo de configuração /etc/hosts. Veja a página de manual hosts(5).

Todos os arquivos acima são estáticos e podem ser editados com seu editor favorito.

Se for usado o serviço dns, o comportamento do resolvedor também é governado pelo arquivo de configuração /etc/resolv.conf. Veja a página de manual resolv.conf(5). Uma das funções importantes do resolv.conf é listar os endereços IP de servidores de nome que serão contactados para resolver o nome. Essa lista freqüentemente depende do ambiente de rede e esse pode mudar de tempos em tempos enquanto seu computador está funcionando. Programas como o pppd e o dhclient são capazes de manipular o resolv.conf para adicionar e remover linhas, mas esses recursos não funcionam sempre apropriadamente e eles conflitam uns com os outros. O pacote resolvconf soluciona o problema melhor fornecendo uma estrutura padrão para atualizar esse arquivo. Veja Gerenciando informação do resolvedor de nomes – resolvconf, Seção 10.4.2.


10.4.2 Gerenciando informação do resolvedor de nomes – resolvconf

O pacote resolvconf fornece uma estrutura para gerenciamento dinâmico de informação disponível sobre servidores de nomes. Ele soluciona o problema de longa data de como manter listas dinâmicas de servidores de nomes para o resolvedor e caches de DNS para usar. O resolvconf ajusta a si mesmo como o intermediário entre programas que controlam interfaces de rede e fornecem informação de servidor de nome, e aplicações que precisam de informação de servidor de nome.

O resolvconf é projetado para funcionar sem que qualquer configuração manual precise ser feita. Entretanto, o pacote é um tanto novo e requer alguma intervenção manual para que funcione adequadamente. Isso é certamente verdadeiro se você já personalizou pacotes para que atualizem o /etc/resolv.conf: você precisará desabilitar suas personalizações.

Veja /usr/share/doc/resolvconf/README.gz para detalhes.


10.4.3 Colocando em cache nomes consultados – dnsmasq

A menos que seu servidor de nomes precise ser obrigatório para um domínio, é melhor que você use um servidor de nomes local para cache como o dnsmasq. Ele funciona bem com o resolvconf.


10.4.4 Fornecendo Serviço de Nome de Domínio – bind

Se você precisa fornecer serviço de nome de autoridade para um domínio então precisa de um servidor de nomes bastante maduro como o named que vem no pacote bind9 ou no pacote bind. Recomenda-se o bind9 para instalações novas.

Para instalar o bind9, instale esses pacotes básicos: bind9; dnsutils. Você pode também desejar instalar esses pacotes utilitários: bind9-host; dns-browse; dnscvsutil; nslint. Você também pode querer instalar esse pacote de documentação: bind9-doc. Você pode também querer instalar esses pacotes de desenvolvimento: libbind-dev; libnet-dns-perl. Se você configurar interfaces usando DHCP então pode achar esse pacote útil: dhcp-dns.

Instale o bind9 ou reconfigure-o com dpkg-reconfigure para fazer a configuração básica. A configuração consiste na edição do arquivo named.conf. No Debian esse arquivo é encontrado em /etc/bind/ e é usado principalmente para definir as zonas DNS básicas; ele inclui dois outros arquivos: named.conf.local, usado para definir zonas locais, e named.conf.options, usado para definir opções. (O último é processado pelo resolvconf para produzir /var/run/bind/named.options que é igual ao original exceto que a especificação forwarders é uma liista de servidores de nome não locais disponíveis no momento. Para fazer uso disso, mude a linha include no named.conf de forma que inclua /var/run/bind/named.options. Veja Gerenciando informação do resolvedor de nomes – resolvconf, Seção 10.4.2.)

Os arquivos de base de dados nomeados em named.conf* sem caminho completo para o arquivo serão gravados em /var/cache/bind/. Esse é o lugar certo para gravar arquivos gerados pelo named: por exemplo, arquivos de base de dados para zonas para as quais o daemon é secundário. Arquivos de base de dados estáticos em /etc/bind/são e precisam ser referenciados em named.conf pelos caminhos completos dos nomes de arquivo. Veja /usr/share/doc/bind9/README.Debian.gz para detalhes.


10.5 Configurando interfaces de rede usando DHCP

A configuração de baixo nível de interfaces de rede pode ser automatizada por meio de Dynamic Host Configuration Protocol (DHCP) (Protocolo de Configuração Dinâmica de Sistemas). Seu firewall ou sistema roteador ou seu ISP de banda larga podem fornecer endereços IP e outros parâmetros dessa maneira.

Para fazer isso funcionar você precisa instalar um dos seguintes pacotes:

O pump é simples e largamente utilizado. O dhcp3-client é complexo mas mais configurável. [49]


10.6 Configuração de rede de alto nível no Debian

Para tornar a configuração de rede mais fácil, o Debian fornece uma ferramenta de configuração de rede de alto nível padrão que consiste dos programas ifup e ifdown e do arquivo /etc/network/interfaces. [50] Se você optar por usar ifupdown para fazer a configuração de sua rede então normalmente você não deve usar comandos de baixo nível também. [51] O ifupdown é escrito considerando que será usado sozinho para configurar e desconfigurar interfaces de rede.

Para atualizar configuração de interface faça isso:

     # ifdown eth0
     # editor /etc/network/interfaces  # altere como quiser
     # ifup eth0

Para mais informações veja interfaces(5), /usr/share/doc/ifupdown/examples/network-interfaces.gz e ifup(8).


10.6.1 Configurando uma interface com um endereço IP estático

Suponha que você quer configurar uma interface Ethernet que tem um endereço IP fixo 192.168.0.123. Esse endereço começa com 192.168.0 então deve estar em uma LAN. Suponha também que 192.168.0.1 é o endereço do gateway da LAN para a Internet. Edite o arquivo /etc/network/interfaces de forma que inclua uma estrofe como essa:

     iface eth0 inet static
             address 192.168.0.123
             netmask 255.255.255.0
             gateway 192.168.0.1

Se você tiver o resolvconf instalado então pode adicionar linhas que especifiquem informação de DNS. Por exemplo:

     iface eth0 inet static
             address 192.168.0.123
             netmask 255.255.255.0
             gateway 192.168.0.1
             dns-search nicedomain.org
             dns-nameservers 195.238.2.21 195.238.2.22

Depois que a interface foi levantada, os argumentos das opções dns-search e dns-nameservers se tornam disponíveis para o resolvconf para inclusão no arquivo resolv.conf. O argumento nicedomain.org da opção dns-search corresponde ao argumento de uma opção search em resolv.conf(5). Os argumentos 195.238.2.21 e 195.238.2.22 da opção dns-nameservers corresponde aos argumentos das opções nameserver no resolv.conf(5). Outras palavras de opção reconhecidas são dns-domain e dns-sortlist. Veja Gerenciando informação do resolvedor de nomes – resolvconf, Seção 10.4.2.


10.6.2 Configurando uma interface usando DHCP

Para configurar uma interface usando DHCP edite o arquivo /etc/network/interfaces de forma que inclua uma estrofe como essa:

     iface eth0 inet dhcp

Para que isso funcione você precisa ter instalado um dos clientes DHCP mencionados em Configurando interfaces de rede usando DHCP, Seção 10.5.


10.6.3 Configurando uma interface Wi-Fi

O pacote wireless-tools inclui um script /etc/network/if-pre-up.d/wireless-tools que torna possível configurar hardware Wi-Fi (802.11a/b/g) antes de levantar a interface. A configuração é feita usando o programa iwconfig; veja a página de manual iwconfig(8). Para cada parâmetro de comando possível do iwconfig você pode incluir uma opção em /etc/network/interfaces nomeada como o parâmetro com um prefixo "wireless-". Por exemplo, para definir o ESSID de eth0 para meuessid e a chave de encriptação para 123456789e antes de levantar a eth0 usando DHCP, edite o arquivo /etc/network/interfaces de forma a incluir uma estrofe como esta:

     iface eth0 inet dhcp
             wireless-essid myessid
             wireless-key 123456789e

10.6.4 Configurando uma interface PPP

Os programas ifup e ifdown usam pon e poff para adicionar e remover interfaces PPP, então primeiro leia Configurando uma interface PPP, Seção 10.2.4.

Suponha que você precisa configurar PPP para funcionar com o parceiro (peer) meuisp. Edite o /etc/network/interfaces de forma a incluir uma estrofe como essa:

     iface ppp0 inet ppp
             provider myisp

Com essa estrofe no lugar, ifup ppp0 faz

     pon meuisp

Infelizmente atualmente não é possível fornecer opções do pppd adicionais em uma estrofe ppp no /etc/network/interfaces. [52]

Atualmente não é possível usar ifupdown para realizar configuração auxiliar de interfaces PPP. Devido ao pon finalizar antes que o pppd tenha acabado de fazer a conexão, o ifup executa os scripts up antes que a interface PPP esteja pronta para usar. Até que esse bug [53] seja corrigido é necessário fazer configuração auxiliar em /etc/ppp/ip-up ou /etc/ppp/ip-up.d.


10.6.5 Configurando uma interface PPPoE

Muitos Internet Service Providers (ISPs) (Provedores de Serviço de Internet) usam PPP para negociar conexões mesmo quando as máquinas dos clientes são conectadas a eles através de redes Ethernet e/ou ATM. Isso é realizado por meio de PPP sobre Ethernet (PPPoE) que é uma técnica para o encapsulamento de fluxos PPP dentro de frames Ethernet. Suponha que seu ISP se chame meuisp. Primeiro configure PPP e PPPoE para o parceiro (peer) meuisp. A maneira mais fácil de fazer isso é instalar o pacote pppoeconf e executar o pppoeconf a partir do console. Então edite o arquivo /etc/network/interfaces de forma a incluir uma estrofe como essa:

     iface eth0 inet ppp
             provider myisp

Algumas vezes ocorrem problemas de Maximum Transmit Unit (MTU) (Unidade de Transmissão Máxima) com PPPoE sobre Digital Subscriber Line (DSL). Veja DSL-HOWTO para detalhes.

Note que se seu modem de banda larga contém um roteador então o próprio modem/roteador negocia a conexão PPPoE e aparece no lado da LAN como um simples gateway Ethernet para a Internet.


10.6.6 Configurando múltiplas interfaces Ethernet para um gateway

Suponha que a eth0 esteja conectada à Internet com um endereço IP configurado por DHCP e que a eth1 esteja conectada à LAN com um endereço IP estático 192.168.1.1. Edite o arquivo /etc/network/interfaces de forma a incluir estrofes como essas:

     iface eth0 inet dhcp
     
     iface eth1 inet static
             address 192.168.1.1
             netmask 255.255.255.0

Se você ativar NAT nesse sistema como descrito em Construindo um roteador gateway, Seção 10.12, então você poderá compartilhar a conexão à Internet com todos os sistemas na LAN.


10.6.7 Configurando interfaces virtuais

Usando interfaces virtuais você pode configurar uma única placa Ethernet para ser uma interface para várias sub-redes IP. Por exemplo, suponha que seu sistema esteja em uma rede LAN 192.168.0.x/24. Você quer conectar o sistema à Internet usando um endereço IP público provido via DHCP usando sua placa Ethernet existente. Edite o /etc/network/interfaces de forma a incluir estrofes como essas:

     iface eth0 inet static
             address 192.168.0.1
             netmask 255.255.255.0
             network 192.168.0.0
             broadcast 192.168.0.255
     
     iface eth0:0 inet dhcp

A interface eth0:0 é uma interface virtual. Quando é levantada, também é levantada a sua superior eth0.


10.7 Reconfiguração de rede

O que vem a seguir será importante para o leitor compreender a diferença entre uma interface física e uma interface lógica. [54] Uma interface física é o que temos chamado de "a interface", a coisa que é chamada eth0, ppp1, ou o que você tiver. Uma interface lógica é um conjunto de valores que pode ser atribuído aos parâmetros variáveis de uma interface física. Se você achar isso confuso, substitua a expressão "configurado como interface lógica X" pela expressão "configurado com o perfil de interface X" conforme você ler.

As definições iface no arquivo /etc/network/interfaces são na verdade definições de interfaces lógicas, não de interfaces físicas. [55] Se você nunca quiser reconfigurar suas interfaces então pode ignorar esse fato já que a interface física X por padrão será configurada como interface lógica X.

Entretanto, suponha que seu computador seja um laptop que você transporta entre a casa e o trabalho. Quando você conecta o computador à rede corporativa ou à sua LAN doméstica você precisa configurar a eth0 apropriadamente.

Primeiro defina duas interfaces lógicas casa e trabalho (ao invés de eth0 como fizemos anteriormente) que descrevem como a interface deve ser configurada para a rede doméstica e a rede do trabalho, respectivamente.

     iface home inet static
             address 192.168.0.123
             netmask 255.255.255.0
             gateway 192.168.0.1
     
     iface work inet static
             address 81.201.3.123
             netmask 255.255.0.0
             gateway 81.201.1.1

Então a interface física eth0 pode ser levantada para a rede doméstica com a configuração apropriada especificando na linha de comando:

     # ifup eth0=casa

Para configurar a eth0 para a rede do trabalho execute os comandos:

     # ifdown eth0
     # ifup eth0=work

Note que com o arquivo interfaces escrito como acima não será mais possível levantar a eth0 usando apenas ifup eth0. A razão para isso é que o ifup usa o nome da interface física como o nome padrão da interface lógica e agora em nosso exemplo não há uma interface lógica eth0 definida.


10.8 Reconfiguração mágica de rede

Nomes de interface lógica podem ser "mapeados" para outros nomes de interface lógica quando o ifup é executado. A forma como os nomes são mapeados pode ser feita para depender de circunstâncias. Então o ifup pode ser configurado de forma que levante uma dada interface física como a interface lógica apropriada entre um conjunto de alternativas predefinidas.

O mapeamento de nome de interface lógica ocorre como a seguir:

A sintaxe de uma estrofe mapping é:

     mapping padrão-glob
             script nome-do-script
             [map entrada do script]

O script nomeado na estrofe mapping é executado com o nome de interface física como seu argumento e com os conteúdos de todas as linhas "map" seguintes na estrofe para ele como sua entrada padrão. O script mostra o resultado do mapeamento em sua saída padrão antes de acabar.

Por exemplo, a seguinte estrofe mapping fará com que o ifup levante a interface eth0 como a interface lógica casa.

     mapping eth0
             script /usr/local/sbin/echo-casa

onde /usr/local/sbin/echo-casa é:

     #!/bin/sh
     echo casa

Devido ao mapeamento ser feito com um script é possível selecionar a interface lógica baseado em algum tipo de teste. Vamos começar com um exemplo. Suponha que você tem placas de rede diferentes para casa e trabalho. O diretório /usr/share/doc/ifupdown/examples/ contém um script de mapeamento que pode ser usado para selecionar uma interface lógica baseado no endereço de Media Access Controller (endereço MAC) (Controlador de Acesso de Mídia). Primeiro instale o script no diretório apropriado.

     # install -m770 /usr/share/doc/ifupdown/examples/match-mac-address.sh \
        /usr/local/sbin/

Então adicione uma estrofe como a seguinte em /etc/network/interfaces:

     mapping eth0
             script /usr/local/sbin/match-mac-address.sh
             map 02:23:45:3C:45:3C casa
             map 00:A3:03:63:26:93 trabalho

Programas de mapeamento mais sofisticados são descritos abaixo em guessnet, Seção 10.8.1, e laptop-net, Seção 10.8.2.


10.8.1 guessnet

Instale o pacote guessnet e então adicione uma estrofe como a seguinte ao arquivo /etc/network/interfaces:

     mapping eth0
             script guessnet-ifupdown
             map casa
             map trabalho

Agora quando você fizer ifup eth0, o guessnet verificará se a eth0 deve ser levantada como casa ou trabalho. Para fazer isso ele usa informação gravada nas definições de interface lógica.


10.8.2 laptop-net

O pacote laptop-net toma uma abordagem diferente para reconfiguração de rede automágica. O laptop-net não faz uso das interfaces lógicas do ifupdown mas ao invés disso tem seu próprio sistema de "esquemas" de configuração e "perfis" de sistema. O laptop-net entretanto ainda usa o ifupdown para configurar interfaces físicas. Para mais informações consulte a documentação bem escrita no pacote laptop-net-doc.


10.9 Gatilhando a reconfiguração de rede

Nós temos visto como as interfaces podem ser reconfiguradas. A reconfiguração precisa ser feita em momentos apropriados.

Tradicionalmente a rede era configurada durante a seqüência de inicialização através do script de inicialização /etc/rcS.d/S40networking e era raramente reconfigurada. Serviços que dependiam de rede eram iniciados mais tarde na seqüência de inicialização. No desligamento ou reinicialização os scripts de inicialização eram executados na ordem oposta.

Atualmente, entretanto, há uma tendência no GNU e no Linux no sentido de suportar hardware e circunstâncias que mudam dinamicamente. O primeiro suporte foi adicionado para cartões PCMCIA trocáveis durante funcionamento; mais recentemente o mecanismo hotplug foi adicionado de forma que muito mais periféricos podem ser inseridos e retirados enquanto o computador está funcionando. Isso inclui hardware de rede. Note que serviços que dependem de hardware que é inserido com computador em funcionamento (hot swapped) precisam ser iniciados somente depois que o hardware é inserido e precisam ser parados quando o hardware estiver removido. Isso significa que tais serviços precisam ser removidos do controle de inicialização System V e ao invés disso colocados no controle do ifupdown.

Por exemplo, suponha que o serviço foo controlado pelo script de inicialização /etc/init.d/foo depende da interface de rede eth0 configurada dinamicamente.


10.9.1 Gatilhando a configuração de rede durante a inicialização

Na inicialização o script /etc/rcS.d/S40networking executa o comando ifup -a. Isso levanta todas as interfaces físicas listadas em estrofes auto no /etc/network/interfaces.

Atualmente é freqüentemente melhor gerenciar a configuração de rede usando métodos dinâmicos. Uma vez que estão disponíveis mecanismos para suportar hardware que mude dinamicamente se torna mais simples tratar hardware estático como se fosse dinâmico também. A inicialização pode então ser tratada simplesmente como outro evento hotplug. (Veja Gatilhando configuração de rede – hotplug, Seção 10.9.2.)

Entretanto, na maioria dos casos se deseja que pelo menos a interface de loopback lo seja levantada na inicialização. Assim, certifique-se de que o /etc/network/interfaces inclua as seguintes estrofes.

     auto lo
     
     iface lo inet loopback

Você pode listar nomes de interfaces físicas adicionais em estrofes auto se desejar que também sejam levantadas durante a inicialização. Nunca liste interfaces PCMCIA em estrofes auto. O programa cardmgr de PCMCIA é iniciado mais tarde na seqüência de inicialização que quando o /etc/rcS.d/S40networking é executado.


10.9.2 Gatilhando configuração de rede – hotplug

Para obter suporte a hot plug instale o pacote hotplug.

Hardware de rede pode ser conectado com o computador ligado durante a inicialização ou depois que um cartão (por exemplo, um cartão PCMCIA) é inserido na máquina ou depois que um utilitário como o discover é executado e carrega os módulos de controladores necessários.

Quando o kernel detecta um novo hardware ele inicializa o controlador (driver) para o hardware e então executa o programa hotplug para configurá-lo. Mais tarde, se o hardware for removido, então o kernel executa o hotplug novamente com ajustes de variáveis de ambiente diferentes. No Debian, quando o hotplug é chamado ele executa scripts em /etc/hotplug/ e /etc/hotplug.d/. Veja hotplug(8) para obter detalhes.

O hardware de rede recentemente inserido é configurado pelo script /etc/hotplug/net.agent. [56] Suponha que seu cartão de rede PCMCIA tenha sido inserido resultando na interface eth0 se tornando disponível para uso. O /etc/hotplug/net.agent faz o seguinte:

     ifup eth0=hotplug

A menos que você tenha adicionado uma definição de interface lógica ou um mapeamento chamado hotplug em /etc/network/interfaces, esse comando não fará nada. Para fazer com que o comando configure a eth0, adicione a seguinte estrofe em /etc/network/interfaces:

     mapping hotplug
             script echo

(Não inclua uma estrofe mapping como essa se você estiver usando pedidos do ifplugd iniciados pelo hotplug para controlar a interface, como descrito em Gatilhando a configuração de rede – ifplugd, Seção 10.9.3.)

Se você quiser que apenas a eth0 e mais nenhuma outra interface seja levantada com hot plug então use grep ao invés de echo como a seguir:

     mapping hotplug
             script grep
             map eth0

Veja Reconfiguração mágica de rede, Seção 10.8 e /usr/share/doc/hotplug/README.Debian para mais dicas.


10.9.3 Gatilhando a configuração de rede – ifplugd

O ifplugd levanta ou derruba uma interface de acordo com o hardware relacionado estar ou não plugado em uma rede. O programa pode detectar um cabo conectado a uma interface Ethernet ou um ponto de acesso associado a uma interface Wi-Fi. Quando o ifplugd vê que o estado do link foi alterado ele executa um script proxy que por padrão chama o ifup ou ifdown para a interface.

O ifplugd funciona bem em combinação com o hotplug. Quando um cartão foi inserido resultando na disponibilização de uma interface para uso, /etc/hotplug.d/net/ifplugd.hotplug inicia um pedido de ifplugd para essa interface. Quando o ifplugd detecta que o cartão está plugado em uma rede ele usa o ifup para a interface.


10.9.4 Gatilhando a configuração de rede – waproamd

Para associar a um ponto de acesso, um cartão Wi-Fi pode ter que ser programado com uma chave de encriptação WEP apropriada. Se você está usando o ifplugd para controlar o ifup como descrito em Gatilhando a configuração de rede – ifplugd, Seção 10.9.3 então obviamente você não pode definir a chave de encriptação usando o ifup porque o ifup só é chamado depois que o cartão foi associado. Uma possível solução é programar todas as chaves requeridas na memória não-volátil do cartão Wi-Fi. Se você muda entre muitas redes então seu cartão Wi-Fi pode não ser capaz de gravar chaves suficientes.

Outra solução é usar o waproamd que define a chave de encriptação WEP de acordo com os pontos de acesso que estão disponíveis, conforme revelado pela varredura (scanning).

O waproamd funciona bem em combinação com o hotplug. Quando um cartão foi inserido resultando na disponibilização de uma interface para uso, o /etc/hotplug.d/net/waproamd inicia um pedido de waproamd para essa interface. O waproamd funciona muito bem em combinação com o ifplugd.

Veja o arquivo README do pacote waproamd para mais informações.


10.9.5 Configuração de rede e PCMCIA

Se você usa cartões de rede PCMCIA de 16 bit então deve definir CARDMGR_OPTS="-f" em /etc/default/pcmcia. Isso deixa a inicialização ligeiramente mais lenta mas previne uma condição de corrida executando o cardmgr em primeiro plano (foreground) até que todos os cartões PCMCIA de 16 bit sejam configurados.

Apesar de por padrão o /etc/init.d/pcmcia ser iniciado a partir de /etc/rc2.d/S20pcmcia você pode querer mudar isso para executar antes, por exemplo, para /etc/rc2.d/S12pcmcia para garantir que o subsistema PCMCIA seja inicializado antes que os serviços de rede sejam iniciados em S20.

Há várias abordagens possíveis para configurar interfaces de rede PCMCIA.

A abordagem recomendada para cartões de 16 bit toma vantagem do fato que o subsistema hot plug do Linux 2.4 agora suporta PCMCIA. Simplesmente siga as direções em Gatilhando configuração de rede – hotplug, Seção 10.9.2. [57] Note, entretanto, que para prevenir que o script hook /etc/pcmcia/network do cardmgr interfira com o hotplug você precisa adicionar localmente a linha:

     exit 0

no início de /etc/pcmcia/network para desabilitar esse comportamento padrão.

Note que não há nada errado em executar o cardmgr. Nós apenas não queremos que ele chame programas de configuração de rede.

Para o cardmgr funcionar adequadamente você precisa editar o arquivo /etc/pcmcia/config.opts para configurar recursos atribuídos a cartões PCMCIA de 16 bit. Veja PCMCIA, Seção 7.2.1 e o HOWTO de PCMCIA no Linux para mais informações.


10.10 Configuração de serviço de rede

A configuração de serviço de rede típica em um ambiente desktop ou servidor doméstico envolve:


10.11 Resolução de problemas com rede

Se você encontrar problemas então verifique a saída do seguinte como primeira verificação do que está acontecendo:

     # ifconfig
     # cat /proc/pci
     # cat /proc/interrupts
     # dmesg | more

Veja também as seções seguindo Testes de rede básicos, Seção 8.6.28.

Se você tiver problemas com alguns sítios web, veja Estranhos problemas de acesso a alguns websites, Seção 3.7.5.


10.12 Construindo um roteador gateway

Um sistema Debian pode ser uma máquina gateway de propósitos gerais que faz Network Address Translation (Translação de Endereço de Rede) (NAT, também conhecido como masquerading (mascaramento)), transferência de correio, DHCP, cache DNS, cache proxy HTTP, serviço CVS, serviço NFS, e serviço Samba. Veja Hosts e IP a usar para LAN, Seção 3.1.9 para o exemplo de tal configuração.


10.12.1 Configuração do Netfilter

O projeto netfilter/iptables é um subsistema de firewalling para o kernel Linux 2.4 e superiores. Consulte Netfilter, onde muitos tópicos de configuração de rede são explicados.


10.12.1.1 Básico do netfilter

O Netfilter processa pacotes usando 5 chains embutidas : PREROUTING, INPUT, FORWARD, OUTPUT e POSTROUTING.

                     decisão de
                     roteamento
     IN ------> PRE ---> ------> FORWARD -----> ----> POST -----> OUT
     interface  ROUTING  \       filter       /       ROUTING     interface
                DNAT     |       tracking     ^       SNAT
                REDIRECT |                    |       MASQUERADE
                         v                    |
                       INPUT                OUTPUT
                         | filter             ^ filter,DNAT 
                         v                    |
                         \--> Processo Local --/
                             programas user-space

10.12.1.2 Tabela Netfilter

Os pacotes são processados em cada chain embutida usando as seguintes tabelas.


10.12.1.3 Alvo Netfilter

Regras de firewall possuem diversos alvos :


10.12.1.4 Comandos do Netfilter

Os comandos básicos do iptables são :

     iptables -N chain                   # cria uma chain
     
     iptables -A chain \                 # adiciona regra na chain
              -t tabela \                # usa tabela (filter, nat, mangle)
              -p protocolo \             # tcp, udp, icmp ou all,
              -s endereço-origem[/máscara] \
              --sport porta[:porta] \    # porta de origem caso -p seja tcp ou udp
              -d endereço-origem[/máscara] \
              --dport porta[:porta] \    # porta de destino caso -p seja tcp ou udp
              -j alvo \                  # o que fazer se o pacote casar
              -i nome-interface-entrada \# para INPUT,  FORWARD, PREROUTING
              -o nome-interface-saída    # para FORWARD, OUTPUT, POSTROUTING

10.12.1.5 Network Address Translation (Translação de Endereço de Rede)

Máquinas em uma LAN podem acessar os recursos da Internet através de um gateway que translada o endereço IP na LAN para endereços IP usáveis na Internet.

     # apt-get install ipmasq

Aplique as regras de exemplo para aumentar a proteção do ipmasq. Consulte /usr/share/doc/ipmasq/examples/stronger/README. Para imagens de kernel 2.4 do Debian sob o woody, certifique-se de carregar os módulos apropriados. A versão do Sarge do ipmasq resolveu esse problema. Consulte Função de rede, Seção 7.2.3 para obter instruções de configuração.

Para imagens de kernel 2.2 do Debian, edite o Z92timeouts.rul em /etc/masq/rules como a seguir para assegurar uma conexão mais longa para sites remotos (bom para e-mails grandes, etc.) :

     # tcp, tcp-fin, udp
     # 2hr, 10 sec, 160 sec - padrão
     # 1 day, 10 min, 10 min - exemplo mais longo
     $IPCHAINS -M -S 86400 600 600

Adicionalmente, caso a rede seja acessada através de um cartão de rede PCMCIA, o ipmasq precisa ser iniciado a partir de /etc/pcmcia/network.opts (leia: /usr/share/doc/ipmasq/ipmasq.txt.gz) ou a partir de /etc/network/interfaces (leia: Configuração de rede e PCMCIA, Seção 10.9.5 e Gatilhando a reconfiguração de rede, Seção 10.9).


10.12.1.6 Redirecionar conexões SMTP (kernel 2.4)

Suponha que você possua um notebook PC que esteja configurado para usar outros ambientes LAN e você queira usar seu agente de mensagens de usuário (software de e-mail) no notebook PC sem reconfigurá-lo.

Adicionar as seguintes regras através do comando iptables na máquina gateway irá redirecionar a conexão SMTP para a máquina gateway.

     # iptables -t nat -A PREROUTING -s 192.168.1.0/24 -j REDIRECT \
                -p tcp --dport smtp --to-port 25 # smtp=25, INPUT está aberto

Para um conjunto de regras de redirecionamento mais completo considere instalar o pacote ipmasq e adicionar M30redirect.def ao diretório /etc/ipmasq/rules/.


10.12.2 Gerenciar múltiplas conexões de rede

[FIXME] Política de roteamento (por Phil Brutsche pbrutsch@tux.creighton.edu): Confira o manual iproute para maiores detalhes. Controle de tráfego (tc) pode também ser interessante.

Ambiente :

     eth0: 192.168.1.2/24; gateway 192.168.1.1
     eth1: 10.0.0.2/24; gateway 10.0.0.1
     Sem mascaramento nesta máquina.

Mágica especial :

  1. ip rule add from 192.168.1.2 lookup 1
  2. ip rule add from 10.0.0.2 lookup 2
  3. ip route add to default via 10.0.0.1 metric 0
  4. ip route add to default via 192.168.1.1 metric 1
  5. ip route add table 1 to 192.168.1.0/24 via eth0
  6. ip route add table 1 to 10.0.0.2/24 via eth1
  7. ip route add table 1 to default via 192.168.1.1
  8. ip route add table 2 to 192.168.1.0/24 via eth0
  9. ip route add table 2 to 10.0.0.2/24 via eth1
  10. ip route add table 2 to default via 10.0.0.2

[FIXME] Eu nunca fiz isso. Como configurar a conexão discada como backup para uma conexão rápida com recursos de auto-discagem ? Por favor enviem-me um patch aqui :)


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Referência Debian

CVS, Seg Abr 3 22:58:08 UTC 2005

Osamu Aoki osamu@debian.org
Paulo Rogério Ormenese (líder: pt-br) pormenese@uol.com.br
Autores, Seção A.1